segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

o cu, as calças e os filmes de comédia


Eu, se estivesse me candidatando à vaga de filosofa-para-entrar-para-os-anais-da-História, estudaria a insistência em relacionar sentimentos incompatíveis na dramaturgia.

Alguém pode me dizer por que raio todo filme de comédia hollywoodiana tem que terminar com uma história de amor ou ter um romance metido no meio do enredo?

Será que ainda não perceberam que isso é um puta dum empata-foda? O cara tá lá, quase engasgando com a saliva, com dor nos maxilares, lagriminhas brotando dos olhos de tanto rir, e vem o roteirista/ realizador / produtor e pimba, passa mel, joga purpurina e toca Mariah Carey. Não fode, meu.

Simplesmente não rola.

resolução de fim de ano


Tenho a mania da perseguição. Algo que, se muito falado, facilmente é detectado que preciso de ajuda psiquiátrica. Portanto, vou comentar assim, despretenciosamente, com pinceladas, sobre este meu tal dilema.

Enumeremos fatos:

Ponto 1:
Acho que o senhorio do meu apartamento escondeu algumas câmaras, em pontos estratégicos, para ver se nós criamos algum animal em casa (contexto: é cláusula contratual que não devemos ter animais aqui, nem num aquário). Por isso, estou sempre com o pé atrás quando trago alguma espécie de homo sapiens sub-desenvolvido para o meu lar.

Ponto 2:
Quando recebo encomendas pelo correio, inspeciono – minuciosamente – o pacote, para ver se não foi violado e lacrado por cima. Uma vez, meu irmão me enviou 2 alfajors, no meio do presente de Natal. Mas, quando chegou à minha casa, a caixa só trazia um. E eu sei que o meu irmão aprendeu a contar até depois do 10.

Ponto 3:
Se uso qualquer computador que não seja o meu para enviar e-mails, acho que alguém, em algum lugar, pôde ler. Dependendo do teor da mensagem, tento adivinhar nas expressões faciais quem é o dito-cujo. Por exemplo: se falei que mataria alguém, aquele que se desviar do caminho, quando me encontrar, é o leitor. Se foram coisas impróprias para crianças, o suspeito – se tímido – vai baixar a cabeça; se não, vai dar aquele sorrisinho, meio Zezé Camarinha, meio Armando Volta.

Tudo isto pra dizer que descobri o desenho de uns fantasmas com uns olhos ENORMES, que se espalham por toda a extensão do meu papel higiênico. E eu me sinto severamente observada, invadida. E retraída. E desconfortável.

Eu saco estas coisas. Eu tenho feeling, rapaz.


Em 2009, tá decidido. Vou deixar dessas merdas e mostrar à minha mente quem é que manda: vou mudar a marca do papel.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

um dia, quem sabe.



Compro roupas que não me servem. Penso que, um dia, possa caber dentro delas com pompa & louvor, ainda que eu não tenha a menor intenção de perder ou ganhar peso. Tenho uma pilha de roupas que intitulei de “seria tão bom se ”, porque há toda uma série de condicionantes que envolvem as tais peças. Ajustes de costura, por exemplo.

E sempre que olho a tal pilha de roupas, lembro das irmãs más da Cinderela, que queriam - a todo custo – caber no sapato. As figuras tristes que as pessoas fazem. E lembro também de todas as pessoas que eu insisti que eram o meu número, por meses a fio, quando nem sequer eram o modelo que mais me favoreciam – se é que me entendem.

Daí que voltei a pensar na tal pilha de roupas. E de como seria bom se todas os problemas de ajustes na minha vida pudessem ser resumidos com agulha e linha.

sábado, 27 de setembro de 2008

vi um filme que gaguejava


Não era um projetor com defeito. Era um filme que, passavam dez, vinte, trinta minutos, e parecia que não tinha saído do lugar. E eu mudava a posição na cadeira, virava a cabeça – pra tentar ver se, sob outra perspectiva, o filme caminhava. E nada. Nada.

E era uma história boa, daquelas que você sabe que nasce com pé e cabeça, ponta por onde puxar e amarrar. Tudo certo, tudo no seu lugar. Mas aí você espera, espera pra caráleo que a coisa desenvolva, tome impulso, dê uma carreira e pegue ritmo. Outra vez, nada.

Filme assim, parece gago contando piada. Você já sabe que é suposto rir no final (algumas piadas conseguem fazer isso), passa o tempo todo esperando aquele momento de soltar a gargalhada, mas ele nunca chega. O filme era assim. Duas horas e dez minutos depois, eu ainda achava que o filme estava só ensaiando pra poder começar de verdade.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

de almas minguantes e outros melodramas



Saudade. Aquele negócio que só precisa de definição pra quem nunca sentiu. E saudade trabalha junto com a memória, com flasbacks. Isso muito me deixa desconfortável. Nunca soube lidar com sentimentos que me deixassem suscetível a. A qualquer coisa. O objeto direto nem era o que mais me incomodava, mas o verbo conjugado por mim, sim.

Aí começa a operação tapa-buracos, porque a minha receita de distração mental serve para tudo, quase como cuspe: é bom pra ferida, é bom pra domesticar aquele fio de cabelo, é bom pra tirar a sujeirinha da roupa ou do sapato. É bom pra fechar o beque. Distração mental. Dá com tudo.

Então comece uma queda de braço com a memória. Imagens sobrepostas, meu amigo. Quando a saudade ataca com uma lembrança mais hard rock, estimulando lagriminhas no canto do olho, contra-ataque com um episódio do Chapolin Colorado. Dias cor-de-rosa de outrora? Play on n´O Pestinha (o primeiro, que é o super-phuoda – lembre que os combatentes devem ser equivalentes nessa batalha cerebral).

Mas nem sempre se vence a guerra. A comida da minha mãe, ah, essa eu não encontrei adversário compatível para fazer suprir a falta. Me dá saudade. E nem é pouca.

* ilustra do Speto

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

bagaceira, sim. e daí?



Ando meio cansada. E, gente, o cansaço pode ser realmente revelador de uma pessoa, tanto quanto a convivência do dia-a-dia. Toda esta introdução pomposa só para ensaiar uma tentativa de me redimir pelos programas de tv que eu, às vezes, assisto à noite (o advérbio de tempo é sempre um trunfo ).

Reality shows do E!. Eu não resisto ao Dr. Beleza, Dr. Rey, ou seja lá como este pseudo- másculo senhor se chama durante o dia. Eu simplesmente quase não consigo pestanejar. Quanto mais freak, mais a minha atenção fica presa. Inércia e hipnose.

Ainda tem aqueles programinhas estilo João Kleber, da namorada traída, que passa na MTV. Foda. Eu me revolto comigo mesma porque a minha força não chega sequer para mudar de canal. Mas sigo detestanto todos, from the bottle of my heart, e espalhando sobre a inutilidade desse tipo de programa para o mundo & seus habitantes.

Mas, Deus, se quando a gente tá cansado, rola uma carência de massagens, uma vontade de dengos e uma moleza de corpo, tudo o que a gente quer é que alguém execute qualquer tarefa que seja nossa. Então (encontrei a minha justificativa), porque hesitar estar na frente da TV, sem precisar pensar?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Uma questã de percepçã.

4 gatos dentro de um saco, com um velocípede cada um.


É difícil essa parada de se autodefinir. Tem aquele lance complicado de como você acha que é, como as pessoas te vêem e como você realmente é. Sem recorrer a Jung, Freud, Klein ou o diabaquatro, acho que não sou o que penso, mas também não sou o que acham que eu sou. Mas também tenho certeza que não sou apenas o que a minha mãe pensa. Tampouco sou o que as línguas ferinas e bifurcadas dizem que sou. (Rimou)

O negócio é quando começa a entrar em conflito, quando você bate o pé e diz que é assim, e daí vem alguém e diz que você é assado. Quando alguém te atribui uma qualidade do caralho e você trabalha com afinco para criar um envorinment pr´aquilo fazer sentido, pelo máximo de tempo possível. Ou quando te apontam o dedo, mostrando uma falha, e você vira uma noite sem dormir, procurando mostrar, nem que seja pela prova dos 9, que veja-bem-a-coisa-não-é-assim.

É que deve dar um trabalho descomunal ser uma pessoa do bem all the time, mas também acho que não existe quem tenha vocação pra ser Ravengar por uma jornada inteira, sem intervalo pro almoço. Tem que haver uma linha ténue. Tem que. Varia, né? Até porque ninguém é bula de remédio, pra ser interpretado da mesma maneira, por todo mundo, ao mesmo tempo. Acho que é meio que como os borrões de Rorschach, cada pessoa vai acabar interpretando a gente de maneira diferente (mesmo que as opiniões, geralmente, coincidam).

sábado, 13 de setembro de 2008

Cozinha maravilhosa da Ozélia. Receita 1: para paciência. Ou falta de.


Sempre achei que paciência fosse um troço que ou você tem ou você não tem. Tipo músculo da batata da perna: não adianta exercitar, não desenvolve. O máximo que aconteceria (à batata e à paciência ) era que elas ficariam definidas – a batata, rígida, e a minha paciência, atrofiada.

Ingredientes e Modo de preparo
Mas, não: há solução. Distração de pensamento, é o nome da cousa. Entreter-se com assuntos paralelos: cantarolar o refrão de uma música que perdure na cabeça por mais de 10 minutos, eu diria. Não há vaga para duas coisas importantes & eminentes no cérebro, ao mesmo tempo. Ou você queima miolo com um ou com outro. Fica pronto, como eu disse, em coisa de 10 minutos. E sabe bem.

Acompanhamento
Hércules and the Love Affair - Blind (música-chiclete. a goma não deixa entrar nenhum outro pensamento. vai por mim.)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

tiny things from everyday



Não ter nenhuma rotina para seguir me faz pensar que eu preciso ter obrigações a cumprir para funcionar a todo vapor. Não ter que fazer nada é bom, mas cansa pra caramba. E eu estou em pleno faniquito mental e espiritual, com um sinal de S.O.S escrito na areia da praia - enquanto sofro deveras de baixo do guarda-sol, tomando uma cerveja, em pleno dia de semana.

Mas da rotina o que sinto falta mesmo era das tarefas que eu executava religiosamente porque me davam prazer, como assitir ao Pica-Pau todos os dias, antes de ir trabalhar. A jornada começava com uma vibe bem mais leve.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

dos pronomes possessivos







Sem os meus eu sou pouco. Ou quase nada. Sou um tiquinho nesse mundo de meu Deus; uma reticência sem perspectiva de exatidão. Se não fossem os meus, eu seria degradée monocromático de um tom pastel. Com os meus eu nunca sou singular; somos plural, como terceira pessoa no pronome relativo. Os meus são cócegas; são soluços de felicidade. São marchinhas de carnaval, ecoando sem parar pela cidade.

sábado, 16 de agosto de 2008

taediu



1 euro e 13 cêntimos para ter uma vida menos shaekesperiana e mais nelson rodriguiana.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

vem, neném



De acordo com o meu Oráculo (aka Fernando), tudo o que precisamos para dar um Up no astral é de um representante da sub-espécie do homo sapiens: o cafuçus ordinarius, que pode ser encontrado no chat UOL; no pagodão da esquina; na praia de Carcavelos, no domingo; no Cenoura, da Expo. Enfim, são inúmeras as possibilidades de topar com um.

Embora a versão original seja de cor castanha - moreno cor de canela, de "jambri", cacau, café ou outras especiarias (existe moreno- açafrão?), a minha não deixa de ser menos autêntica só porque tem esse tom de pele molho rosê. Vem acompanhado de olho de peixe morto vou-te-conquistar e correntinha banhada a ouro com a inicial do nome. Marlon. Maicon. Micael. Milton. Marivaldo.

Bigodinho ralo não pode faltar, porque estamos na terra do Seu Manélll.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

WHO are you?


Lewis Carroll tinha negócios obscuros com algum antecedente de Pablo Escobar. Certamente.

E, top of the tops, encontrei o trecho do meu persona preferido, a centopéia cantante, fumando narguilê, bombardeando Alice - on and on - com a mesma pergunta. E a pobre da menina desconhecia a sua própria identidade. tsc.

Atente: isso foi na fase PRÉ-cogumelo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

lo nuestro


Maravilhosa. Vânia é assim. E, claro, tudo fica transparecido no trabalho que ela faz. Tem força; a gente se acanha mirando um desenho dela. Fica pequeno como João diante do pé de feijão.
Uma vez, mandei um texto meu, umas linhas desengonçadas para Van espiar, e ela me aparece com esse quadrinho lindo de morrer, que até dá vontade da gente liberar todos os gritinhos de felicidade em amplificador.

Ela é puro luxo, meus caros.

pretending I´m super ready for the summer

Com direito a vestido novo e tudo mais.

(o original é cinza-nublado, e não roxo-defunto, que eu igualmente adoro)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

vícios do ócio que eu tanto adoro & cultivo



Caribou. Música pra ouvir com e sem trip. E pensar que eu meio que dei uma desprezada básica na banda porque fiquei com preconceito por Melody Day (que é boa, mas depois de ouvir 367 vezes dá um pouco de ânsia). Bem-feita: perdi o show do ano passado, no Santiago Alquimista.

Sanção social: 100 chibatas, na praça de Camões.

en-hein, bichinho

Olha como eu me acho lhindo e faço cara de mau, ó.



O show do Craig David que rolou no último sábado me fez lembrar de duas coisas lastimáveis: os 400 mil Reais mal empregados por João Paulo, no primeiro mandato na Prefeitura de Recife, para levar Sandy & Junior à população que não tinha acesso a "cultura" e diversão, e o playback de Britney Spears, no Rock in Rio (foi em 2004?). Muita gente não percebeu, mas a produção do moço, vez ou outra, liberava uns gritinhos histéricos femininos, em alguns pontos cruciais da música. Deve ter ficado com medo de não haver quorum para fazer ruído e saiu de casa já prevenido. É quase como as gentes daqui: verão de 40º, mas se aparece uma nuvem negra, já leva guarda-chuva e gabardina. Ou pior: o cara com pinto pequeno que, com medo de decepcionar, nem tenta.

Foi triste. E eu fiquei com muita pena dele. Mesmo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

revolução


Estava pensando no tédio que é ser aceito por todo mundo do jeito que somos, sem ter alguém pra criticar, para criar ruídos de comunicação por uma má interpretação. Que péssimo que é não haver buchichos porque algo desagrada, porque pisamos na bola. Boring gente que não provoca burburinhos, que fala e todo mundo diz "é mesmo". Gente que não levanta poeira, que não causa rebuliço, que não desordena - ainda que volte a pôr tudo no lugar. Agora eu entendo o que o Millôr quis dizer com "infelizmente".


"Sou popular por natureza, por mais que me esforce a ser hermético e profundo. A mim, infelizmente, todos me compreendem."

Ciniiiiiiira



Mesmo parecendo um viadinho, amo esse bofe, from the bottle of my heart. E não me importo que, enquanto ele não me conhece e não se apaixona perdidamente por mim, se divirta com a Natalie Portman. Porque eu mesma o faria, estando no lugar dele.

Ganhou estrelinha na testa pela influência bollywoodiana e novelão mexicano.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

fuertísimo



Sofrer é lindo e poético, faz Sade sentir cócegas de felicidade no túmulo, mas tem uma hora que chega, né? A pessoa cansa. De verdade.

Chris Milk
é que sabe das coisas. Aí, camarada, um Hi-five pra você.

domingo, 3 de agosto de 2008

campanha do desapego


Don’t put this note by your face on the pillow
Don’t put this letter in the pocket near your heart
Keep it in the bottom drawer where you hide the sex tools
I pray you always need them*


Há que atirar o coração em alto mar, atado a uma corrente pra que permaneça lá no fundo (cafona, pareceu aquela cena medona do Titanic). Essa é a moda primavera - verão.


*Elbow- I´ve got your number

inquietude a cores num baile de outono


Viver pode ser um dedo continuamente espetado na ferida.

O filme começou com um trecho de Pessoa, fazendo com que, com urgência e imediato, eu baixasse a guarda para ser dilacerada. Me borro de medo de filmes - espelho-da-minha-própria-alma-ali-refletida. É como se, de repente, na surdina, alguém espalhasse todos os meus segredos em cartazes de lambe-lambe pela cidade.

Mãe Dináh estava errada, mas eu não. O filme abarca todos os adjetivos mais lindos do mundo inteiro para qualificar fragmentos, histórias mínimas tingidas de negro, retornos bordados de furta-cor, vidas pairadas sob gente embaçada.

E como dói, mói, tortura. É lindo porque se sofre com gravidade, com veemência e sem dignidade, deep down and even more, e quase todo mundo, inconscientemente, acaba pedindo por mais, porque tristeza pouca é bobagem. É bem por aí.

E assim, como reação em cadeia, comecei a protagonizar os silêncios, os hiatos ruidosos por falta de palavra, as indagações impertinentes, as pequenas explosões causadas sem pólvora; as tormentas internas formadas pela falta de identidade. A vida sem gosto aparente, o olhar sem ver.

Incomoda, perturba e angustia, quase como asfixia, fazendo com que se puxe o ar com mais e mais força, com vontade e com temor.

"Fui, como ervas, e não me arrancaram."
Fernando Pessoa

sábado, 2 de agosto de 2008

verões de insomnia



"Porque eu não sou só um sonhador. Sou um sonhador exclusivamente."


Fernando Pessoa, Livro do Dessassossego.




Este digníssimo senhor, pelo qual eu me apaixono sempre, again & again, deve estar tentando me passar alguma mensagem subliminar sobre esta cidade. É que ele consegue contornar e apagar qualquer mal-estar algum dia causado por este lugar ou pelo seu povo agreste.

E queria que ele ainda estivesse vivo para que eu pudesse cultivar a inocente idéia de um dia encontrá-lo num boteco na baixa lisboeta, bebendo a sua bica, e poder agradecê-lo pelos dias de primavera que perduram o ano inteiro, a cada vez que abro um livro dele.

Car Ma Vie, Car Me Joies, aujourd´hui ça commence avec toi



Confesso: sempre tive medo de encontrar a minha "outra metade" (ou qualquer um dos tantos nomes piegas que dão para o mesmo fim). Cãimbra, calafrio, dor de barriga de não ser a hora certa, de não saber compassar e rimar viver & amar.

Mas é simples assim, como café cai bem com leite, zabumba quebra com forró, cochilo é bem-vindo depois do almoço.

Esta é para ti, meu Mariolo querido, uma declaração sem jeito, como quem ainda tropeça nas próprias pernas, meio baqueada entre sentimentos e palavras - tu é o que melhor há em mim, pelas risadas escrachadas, pelas histórias misturadas, pelas dores tomadas e, principalmente, pela Edith Piaf compartilhada na madrugada.

oh, so good!, oh, so fine!



Há dias em que agradeço por algumas coisas não serem tão boas quanto parecem ser.
E saber que algumas podem ser ainda melhores do que realmente são.

O que me encantam são as possibilidades, as chances que damos para que alguma coisa valha a pena (ou não). Pos-si-bi-li-da-des de mudar de ângulo e ver uma coisa nova.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pollyanna addiction - clap your hands! (and say yeah)


minha "ídala", exercitando a sabedoria da sua felicidade mode ON nos pastos do mundo afora.


Clap your hands!
When I feel so lonely
Clap your hands!
When I won't do nothing
Clap your hands!
When I have no money
Clap your hands!
When it don't seem likely
Clap your hands!
Are you up to something?
Clap your hands!
Where's my milk and honey?
Clap your hands!
When I just look funny
Clap your hands!


É um mantra a ser entoado. Dizem que, uma hora, estas coisas começam a fluir naturalmente, isso de ter pensamentinhos coloridos e contentes e felizes.

todas as partes de cada todo



Por mais que eu seja acometida, vez ou outra, por algum devaneio que me faça crer que conheço alguém ao pormenor, tempos depois a idéia cai por terra. É que existem sempre partes ocultas que, ao serem reveladas, quase que deixam de lado outras partes remanescentes. Quase como aquela lei de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar: uma pessoa nunca-nunca vai mostrar de tudo que é feita, ao mesmo tempo. Há características que são tão imiscíveis que, em teoria de balcão de bar, jamais habitariam o mesmo ser.

Mas, ok, fica tudo ao cargo da volubilidade. Talvez seja esse o segredo de fazer com que cada uma das nossas respectivas característcas convivam harmonicamente, não como peças isoladas, mas cada parte sendo um todo.

domingo, 27 de julho de 2008

vida cigana


Nos últimos 3 anos e meio, mudei de casa 5 vezes. Estou prestes a acrescentar mais uma mudança ao meu resgistro. Tenho sempre a casa às costas. Poderia dizer que é divertido brincar de nomadismo, se eu encontrasse alguma piada em não criar raízes e estabelecer bases em algum canto. É que quando o aconchego começa a surgir, quando o sulco do meu corpo se estabelece no colchão e no travesseiro, já tenho que sair.

Nada tem a minha cara. Meus gostos não estão refletidos nos lugares onde habito. Não esquento terreno, não tenho tempo de ver o acontecimento dos gestos e ações virarem hábito, como acordar no meio da noite e chegar à geladeira sem precisar tatear, no escuro.

Agora será apenas mais um remake do que vem acontecendo. A diferença é que, cada vez mais, encontro este sentimento tão lugar-comum de lar, nas pessoas com quem convivo, com quem partilho amenidades & intimidades. É nestas pessoas que acabo por encontrar meu porto, independente da localização geográfica.

terça-feira, 22 de julho de 2008

a premonição



Adoro um filme que nunca vi, só pela trilha sonora. Minto: trilha sonora + trailer. Ainda nem estreou, mas já recomendo ao mundo como se fosse o meu filme preferido. Alguma coisa me diz que vai ser do caralho. É como grávida que ama um filho antes dele nascer, pelo batimento cardíaco (tá, exagerei). Sügisball.

E se eu estiver errada e o filme for ruim? Mãe Dináh já pagou vários micos, por fakes previsões.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

deboche



Maurizio Cattletan trabalhou como cozinheiro, jardinheiro e enfermeiro. O que já me deixa feliz, porque comprova que eu posso ter vida post tanta roupa que dobrei para a Inditex.
Uma das melhores instalações atualmente expostas no Centre Pompido (claro, depende muito também do que cada um está à espera): Hitler, se redimindo pela meia-dúzia de pecados que cometeu.

Baudelaire

But it's in vain I chase my God receding.

felicia´s way of life



Tenho uma amiga que não lida bem com os sentimentos. Sentir saudade é como ter uma batata quente na mão; gostar de alguém, então, é um abacaxi para descascar. Deve ser falta de prática, do exercício de. Todas as vezes que aflora um sentimento bom por alguém, se espinha toda. Ouriço ameaçado. E bate e machuca e fere, por necessidade, por hábito ou sei-lá-o-quê. Essa minha tal amiga sempre adorou os carrinhos bate-bate. Ficava contente em despedaçar, destruir, bater e amassar. Sabotar. Hacer daño.

Depois do truque do Pelé em falar na terceira pessoa, não quero mais outra coisa. É uma sensação boa, a de se eximir de culpas.

"pai, vai na frente que eu tenho medo."

Surveillence é apadrinhado pelo pai. Literalmente. Depois de todas as cenas do trailler, em letras garrafais, com neon: Diretor Executivo - DAVID LYNCH. Seguido por: Um filme de - Jennifer Chambers LYNCH.

Oh, eles têm o mesmo sobrenome! São parentes?

Mal nenhum. Mas achei meio ridículo o nome do pai ir abrir as portas TAMBÉM na hora de exibir o filme. Deixasse a coisa pros bastidores, que é comum e todo mundo tá acostumado. Não desabitua o povo, que ele fica confuso.

Miroslav Tichý



O homem das imagens desfiguradas, sem definição. O senhor das mulheres erotizadas na nudez exposta. Handmade cameras with makeshift optics e, pronto: gamei.

sábado, 19 de julho de 2008

"buceta"




Aos 482 anos, sobrinha-neta de Matusalém, morre Dercy. Depois de mostrar os peitos na sapucaí, depois de encher o saco com o suposto humor por ser uma velha desbocada na televisão, Dercy resolveu - finalmente - pagar a dívida com o cemitério.

avec plaisir



Paris é uma cidade do bem. Cidade de gente que ou não sabe falar inglês ou não gosta ou não quer. É um mundo à parte, meio que auto-suficiente. É meio que aquele provérbio brega dos inimigos: "se não pode com eles, junte-se a eles". Então, faz biquinho, arrasa no sorriso e na simpatia se quiser se comunicar. E não precisa exagerar no perfume, porque as coisas são todas au naturel. Inclusive as belezas masculinas passantes nas ruas.

the shelting sky


Nunca tinha chorado com livro. Até então. Acho um saco me desmanchar no cinema (idem para a vida real). Mas perdi todos os meus pudores na primeira vez que li As cartas, do Caio Fernando Abreu. Lembro exatamente em que circunstância e ambiente eu estava quando não consegui me controlar com algo tão pessoal, com um sentido tão específico, dirigido a uma pessoa em particular. Caio escrevia a Jaqueline e eu entendi todas as entrelinhas, palavra tentando ofuscar dor, fantasiada de carnaval. Passei anos tentando evitar uma segunda leitura do livro, outros tantos tempos fugindo de uma terceira. Porque eu sabia que igualmente ia me ferir e eu não sou de espetar o dedo onde machuca.
Hoje, de bobeira, li uma das outras cartas, aleatoriamente, como quem abre um daqueles capciosos livros de salmos. Outra carta para Jaqueline e uma fisgada no peito reincidente. E no meio de uma descrição de um filme com o John Malkovich, me meti outra vez entre o Caio e a Jaqueline, e chorei tudo o que havia evitado e estava engasgado na segunda e na terceira leitura.

domingo, 6 de julho de 2008

momento Cinira



Patrocinado pelo mel de engenho "mamãe, eu quero".

quinta-feira, 3 de julho de 2008

categoria master

Gosto de velhinhos. Não pelo ar frágil que aparentam, mas pela ideia de bagagem de vida que trazem, de uma sensação que transmitem de saber o mundo no seu pormenor. Lisboa mudou um pouco a minha percepção. Destruiu um bocado da minha visão romantizada quando apresentou idosos ranzinzas, mau-humorados e até agressivos. Não que depois dos 70 eles acordassem convertidos em gente do mal: só não são tão queridos & agradáveis como os velhinhos que conheci até agora (tirando os velhos tarados de ficavam nos bancos da praça, os do filme Cocoon e vovó, que é braba que só a gota).

Já estava desacreditada, desiludida da vida, quando chegam aqui em casa dois idosos para fazer as obras das escadas. O olhar terno, a fala gentil, o passo miúdo. O protótipo dos velhinhos adoráveis em fase de extinção, que nos últimos 3 anos eu só tenho visto na ficção. E dá uma vontade enorme de abraçá-los e agradecê-los por qualquer coisa que seja.
Mas eu me limito a sorrir.

sábado, 28 de junho de 2008

dicas Esquire

Nas minhas tão - frequentes leituras de avião (porque eu tô fudida, mas também tô podendo):

"Sonríe aunque no te haga ni puñetera gracia."



p.s. os homens também acreditam em Pollyanna.

terça-feira, 24 de junho de 2008

melancolia: a fase pré -merda



Gentche, cumassim fizeram um clipe sobre estes meus últimos dias e nem me disseram nada?

these canals, it seems, they all go in circles



melancolia, by Erlend e Eirik.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Límites

Hay una línea de Verlaine que no volveré a recordar.
Hay una calle próxima que está vedada a mis pasos,
hay un espejo que me ha visto por última vez,
hay una puerta que he cerrado hasta el fin del mundo.
Entre los libros de mim biblioteca(estoy viéndolos)
hay alguno que ya nunca abriré.
Este verano compliré cincuenta años;
La muerte me desgasta, incesante.


Borges. O meu querido Borges. El hacedor, 1960.

Me faz pensar em todas as mil coisas que eu não conseguirei / poderei fazer nesta vida, seja por falta de tempo, inércia ou qualquer outra coisa.

domingo, 15 de junho de 2008

Saramago



"Comparo o nosso país com uma pessoa que está na borda do passeio à espera que alguém ajude a atravessar para o outro lado. Estamos sempre à espera de alguém que venha salvar a pátria. O grande problema nacional é a medirocridade e a resignação à mediocridade."


Saramago, no Jornal Público deste domingo.


O interessante destas declarações é que elas, muitas vezes, funcionam na mesma relação de compositor - intérprete. Qualquer pessoa que cante as músicas do Chico Buarque jamais conseguirá incorporar força à mensagem, embora esta continue ali, sendo transmitida em cada palavra. Da mesma forma que eu, como imigrante, embora pense e diga o mesmo que o Saramago (não com a mesma elegância retórica), jamais serei levada a sério.

Ainda bem que consegui um porta-voz.


Fim de semana prolongado em Lisboa. Tempo de aproveitar loucamente cada segundo para pôr em dia o cineminha? Nem. Vou consultar o meu guia de horários com voracidade e me deparo com este aviso. Sou muito suscetível a sinceridades absolutas. Prefiro que me mintam.

Cética, paguei para ver o último do Shyamalan, porque eu acho o bofe bom, em alguns sentidos válidos.
Bem feito: um dos piores filmes que vi nos últimos anos.

Por que as pessoas que tão indo bem, fazem as coisas ali, certinhas, ao seu método, descambam tudo, quando inventam de salvar o mundo? Saco cheio dessas tentativas responsabilidade social. Bem cheio.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

a essência no seu pormenor



The Pearce Sisters é, provavelmente, uma das melhores curtas-metragens já flagradas pelas minhas retinas. Tem um ar propositalmente rústico, uma temática selvagem (mesmo. quase aborígene, como eu gosto), com personagens em versões nuas e cruas. É o quotidiano em trajes civis de ficção, e o mais encantador é a possibilidade de aceitar a natureza de pessoas assim, numa quase inocência, ainda rasgada de humor.

Dica: dá pra ver o filme, na página oficial.

Detalhe: é o mesmo director do bonitinho Wallace & Groomit. Impossível não vingar.

usou, lavou: tá novo!



Unfaithful Portrait
é sobre aquela intersecção entre a vida de todas as pessoas, comum aos gêneros. Mistura parábolas do gato e do rato, Maria Mercedes, Dona Flor e seus dois maridos e Pollyanna, em fases:

1. a gente corre atrás do bofe;
2. ele troca a gente por outra;
3. a gente fica chupando o dedo;
4. sozinha, fudida, desamparada, mas vai tudo acabar bem.

É lindo e poético, such as in real life.

monster under construction



Eu sou um ser tepeêmico ativo. E praticante. (espero que a redundância exemplifique o grau de intensidade da coisa)

Ilustração super - phuoda de Maura Cluthe.

o cRássico do culto ao macabro



Porque é bom, eu gosto e faz bem à pele.
Hitchcock. Um novo look, para a Vanity Fair, de 300 meses atrás (delay, delay).

Os outros cliques estão aqui.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

this american life



Originalmente um programa de rádio, This American Life acabou por migrar para a televisão, com o mesmo propósito do formato original: histórias quotidianas engraçadas, de gente comum (e depois perguntam por que o Brig Brother continua a fazer sucesso. Para mim, é tudo farinha do mesmo saco: saber da vida dos outros). Anyway, alguns destes segmentos foram animados por Chris Ware, dando um "tchan" à coisa. Uma delas é Judgement to the wife, que fala da maneira sutil de como nos apossamos das histórias alheias e contamos como se fossem nossas. Um plágio, digamos assim. O que passa é que esta tomada de posse é inconsciente. (ok, tenho as minhas dúvidas)

p.s. as cinturas desesperadamente marcadas com um cinto só me fazem lembrar o Faustão. And I just can´t help it.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

embasbacante



Ficou em exposição até o dia 10 deste mês (o meu delay para atualizações é do melhor) alguns dos principais cenários dos filmes dos irmãos Quay. A sala escura do Museu da Marioneta deu todo o contexto, aproveitando o ensejo para passar uns tantos filmes da dupla. Eu, do podre que sou, fotografei tudo, até que a mocinha do museu tocou no meu ombro, me ORDENANDO gentilmente a parar. Naquela hora, vergonha foi o meu sobrenome.


Curiosity: Parte 1 do Street of Crocodiles.

league of evil



Não estou resdescobrindo a roda com o meu comentário, mas that´s so fuckin´good quando vejo gente tentando sair do trivial para comunicar. É o bê-á-bá de criar uma ambiência, um envolvimento, para o peixe poder cair na rede. Nada de gente com olhos fechados, pensando no ser amado, enquanto abraça um telefone contra o peito.

E, claro, como é moda (mas esse é tão bom que dita tendência), tudo começa num viral.

O resto da campanha, com outros filmes ôutchemos, estão aqui. De-e-light.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008