quarta-feira, 20 de agosto de 2008

tiny things from everyday



Não ter nenhuma rotina para seguir me faz pensar que eu preciso ter obrigações a cumprir para funcionar a todo vapor. Não ter que fazer nada é bom, mas cansa pra caramba. E eu estou em pleno faniquito mental e espiritual, com um sinal de S.O.S escrito na areia da praia - enquanto sofro deveras de baixo do guarda-sol, tomando uma cerveja, em pleno dia de semana.

Mas da rotina o que sinto falta mesmo era das tarefas que eu executava religiosamente porque me davam prazer, como assitir ao Pica-Pau todos os dias, antes de ir trabalhar. A jornada começava com uma vibe bem mais leve.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

dos pronomes possessivos







Sem os meus eu sou pouco. Ou quase nada. Sou um tiquinho nesse mundo de meu Deus; uma reticência sem perspectiva de exatidão. Se não fossem os meus, eu seria degradée monocromático de um tom pastel. Com os meus eu nunca sou singular; somos plural, como terceira pessoa no pronome relativo. Os meus são cócegas; são soluços de felicidade. São marchinhas de carnaval, ecoando sem parar pela cidade.

sábado, 16 de agosto de 2008

taediu



1 euro e 13 cêntimos para ter uma vida menos shaekesperiana e mais nelson rodriguiana.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

vem, neném



De acordo com o meu Oráculo (aka Fernando), tudo o que precisamos para dar um Up no astral é de um representante da sub-espécie do homo sapiens: o cafuçus ordinarius, que pode ser encontrado no chat UOL; no pagodão da esquina; na praia de Carcavelos, no domingo; no Cenoura, da Expo. Enfim, são inúmeras as possibilidades de topar com um.

Embora a versão original seja de cor castanha - moreno cor de canela, de "jambri", cacau, café ou outras especiarias (existe moreno- açafrão?), a minha não deixa de ser menos autêntica só porque tem esse tom de pele molho rosê. Vem acompanhado de olho de peixe morto vou-te-conquistar e correntinha banhada a ouro com a inicial do nome. Marlon. Maicon. Micael. Milton. Marivaldo.

Bigodinho ralo não pode faltar, porque estamos na terra do Seu Manélll.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

WHO are you?


Lewis Carroll tinha negócios obscuros com algum antecedente de Pablo Escobar. Certamente.

E, top of the tops, encontrei o trecho do meu persona preferido, a centopéia cantante, fumando narguilê, bombardeando Alice - on and on - com a mesma pergunta. E a pobre da menina desconhecia a sua própria identidade. tsc.

Atente: isso foi na fase PRÉ-cogumelo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

lo nuestro


Maravilhosa. Vânia é assim. E, claro, tudo fica transparecido no trabalho que ela faz. Tem força; a gente se acanha mirando um desenho dela. Fica pequeno como João diante do pé de feijão.
Uma vez, mandei um texto meu, umas linhas desengonçadas para Van espiar, e ela me aparece com esse quadrinho lindo de morrer, que até dá vontade da gente liberar todos os gritinhos de felicidade em amplificador.

Ela é puro luxo, meus caros.

pretending I´m super ready for the summer

Com direito a vestido novo e tudo mais.

(o original é cinza-nublado, e não roxo-defunto, que eu igualmente adoro)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

vícios do ócio que eu tanto adoro & cultivo



Caribou. Música pra ouvir com e sem trip. E pensar que eu meio que dei uma desprezada básica na banda porque fiquei com preconceito por Melody Day (que é boa, mas depois de ouvir 367 vezes dá um pouco de ânsia). Bem-feita: perdi o show do ano passado, no Santiago Alquimista.

Sanção social: 100 chibatas, na praça de Camões.

en-hein, bichinho

Olha como eu me acho lhindo e faço cara de mau, ó.



O show do Craig David que rolou no último sábado me fez lembrar de duas coisas lastimáveis: os 400 mil Reais mal empregados por João Paulo, no primeiro mandato na Prefeitura de Recife, para levar Sandy & Junior à população que não tinha acesso a "cultura" e diversão, e o playback de Britney Spears, no Rock in Rio (foi em 2004?). Muita gente não percebeu, mas a produção do moço, vez ou outra, liberava uns gritinhos histéricos femininos, em alguns pontos cruciais da música. Deve ter ficado com medo de não haver quorum para fazer ruído e saiu de casa já prevenido. É quase como as gentes daqui: verão de 40º, mas se aparece uma nuvem negra, já leva guarda-chuva e gabardina. Ou pior: o cara com pinto pequeno que, com medo de decepcionar, nem tenta.

Foi triste. E eu fiquei com muita pena dele. Mesmo.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

revolução


Estava pensando no tédio que é ser aceito por todo mundo do jeito que somos, sem ter alguém pra criticar, para criar ruídos de comunicação por uma má interpretação. Que péssimo que é não haver buchichos porque algo desagrada, porque pisamos na bola. Boring gente que não provoca burburinhos, que fala e todo mundo diz "é mesmo". Gente que não levanta poeira, que não causa rebuliço, que não desordena - ainda que volte a pôr tudo no lugar. Agora eu entendo o que o Millôr quis dizer com "infelizmente".


"Sou popular por natureza, por mais que me esforce a ser hermético e profundo. A mim, infelizmente, todos me compreendem."

Ciniiiiiiira



Mesmo parecendo um viadinho, amo esse bofe, from the bottle of my heart. E não me importo que, enquanto ele não me conhece e não se apaixona perdidamente por mim, se divirta com a Natalie Portman. Porque eu mesma o faria, estando no lugar dele.

Ganhou estrelinha na testa pela influência bollywoodiana e novelão mexicano.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

fuertísimo



Sofrer é lindo e poético, faz Sade sentir cócegas de felicidade no túmulo, mas tem uma hora que chega, né? A pessoa cansa. De verdade.

Chris Milk
é que sabe das coisas. Aí, camarada, um Hi-five pra você.

domingo, 3 de agosto de 2008

campanha do desapego


Don’t put this note by your face on the pillow
Don’t put this letter in the pocket near your heart
Keep it in the bottom drawer where you hide the sex tools
I pray you always need them*


Há que atirar o coração em alto mar, atado a uma corrente pra que permaneça lá no fundo (cafona, pareceu aquela cena medona do Titanic). Essa é a moda primavera - verão.


*Elbow- I´ve got your number

inquietude a cores num baile de outono


Viver pode ser um dedo continuamente espetado na ferida.

O filme começou com um trecho de Pessoa, fazendo com que, com urgência e imediato, eu baixasse a guarda para ser dilacerada. Me borro de medo de filmes - espelho-da-minha-própria-alma-ali-refletida. É como se, de repente, na surdina, alguém espalhasse todos os meus segredos em cartazes de lambe-lambe pela cidade.

Mãe Dináh estava errada, mas eu não. O filme abarca todos os adjetivos mais lindos do mundo inteiro para qualificar fragmentos, histórias mínimas tingidas de negro, retornos bordados de furta-cor, vidas pairadas sob gente embaçada.

E como dói, mói, tortura. É lindo porque se sofre com gravidade, com veemência e sem dignidade, deep down and even more, e quase todo mundo, inconscientemente, acaba pedindo por mais, porque tristeza pouca é bobagem. É bem por aí.

E assim, como reação em cadeia, comecei a protagonizar os silêncios, os hiatos ruidosos por falta de palavra, as indagações impertinentes, as pequenas explosões causadas sem pólvora; as tormentas internas formadas pela falta de identidade. A vida sem gosto aparente, o olhar sem ver.

Incomoda, perturba e angustia, quase como asfixia, fazendo com que se puxe o ar com mais e mais força, com vontade e com temor.

"Fui, como ervas, e não me arrancaram."
Fernando Pessoa

sábado, 2 de agosto de 2008

verões de insomnia



"Porque eu não sou só um sonhador. Sou um sonhador exclusivamente."


Fernando Pessoa, Livro do Dessassossego.




Este digníssimo senhor, pelo qual eu me apaixono sempre, again & again, deve estar tentando me passar alguma mensagem subliminar sobre esta cidade. É que ele consegue contornar e apagar qualquer mal-estar algum dia causado por este lugar ou pelo seu povo agreste.

E queria que ele ainda estivesse vivo para que eu pudesse cultivar a inocente idéia de um dia encontrá-lo num boteco na baixa lisboeta, bebendo a sua bica, e poder agradecê-lo pelos dias de primavera que perduram o ano inteiro, a cada vez que abro um livro dele.

Car Ma Vie, Car Me Joies, aujourd´hui ça commence avec toi



Confesso: sempre tive medo de encontrar a minha "outra metade" (ou qualquer um dos tantos nomes piegas que dão para o mesmo fim). Cãimbra, calafrio, dor de barriga de não ser a hora certa, de não saber compassar e rimar viver & amar.

Mas é simples assim, como café cai bem com leite, zabumba quebra com forró, cochilo é bem-vindo depois do almoço.

Esta é para ti, meu Mariolo querido, uma declaração sem jeito, como quem ainda tropeça nas próprias pernas, meio baqueada entre sentimentos e palavras - tu é o que melhor há em mim, pelas risadas escrachadas, pelas histórias misturadas, pelas dores tomadas e, principalmente, pela Edith Piaf compartilhada na madrugada.

oh, so good!, oh, so fine!



Há dias em que agradeço por algumas coisas não serem tão boas quanto parecem ser.
E saber que algumas podem ser ainda melhores do que realmente são.

O que me encantam são as possibilidades, as chances que damos para que alguma coisa valha a pena (ou não). Pos-si-bi-li-da-des de mudar de ângulo e ver uma coisa nova.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008